Ao optar pelo e-Learning no ensino das artes, tive que entender que, realmente não existem receitas prontas.
Ao conectar-se à Internet, você se junta a uma rede que integra tudo. Essa diversidade se mostra inteira dentro dos grupos de discussão, nos fóruns ou nos chats (salas de bate papo) e, neste ambiente onde cada um pode expor sua visão de mundo, o iniciante em artes não procura respostas prontas, e sim uma orientação que não o leve ao adestramento, através de meras cópias impensadas, mas que o provoque a buscar a sua maneira.
Como os conteúdos em e-Learning podem ser oferecidos através de diversas ferramentas, o aluno em tempo real ou mesmo através de mecanismos como um simples serviço de e-mail, é levado à experimentação podendo sentir o grande prazer da produção artística, dividindo com o coletivo a sua experiência e tendo no professor apenas um facilitador com um comprometimento humano capaz de incentivá-lo em suas descobertas e apoiá-lo em suas dúvidas técnicas.
Ao iniciar um pensamento sobre o e-Learning aplicado especificamente ao campo das artes plásticas, visualizamos três tópicos instigantes:
- até que ponto um artista, cuja legitimação da sua atuação se deu através da participação em exposições coletivas ou outras atividades afins, poderia se colocar como um professor, sem a necessária formação para educação?
- continuando: até que ponto um professor graduado, porém sem a prática imprescindível ao fazer artístico, poderia se colocar como professor de arte?
- e completando, como estes dois profissionais poderiam atuar dentro de um processo de e-Learning onde são envolvidos conhecimentos de webdesigners necessários para se formatar um curso na web?
Resolvidos estes três tópicos, nos restaria ainda pensar no que seria necessário ao aluno para que pudesse desfrutar de um aprendizado à distância em matéria tão controvertida.
Não basta oferecer informação na rede para se fomentar uma aprendizagem real. Ao contrário do ensino tradicional, o ensino na rede é centrado no aluno e, em se tratando de arte encontraremos aí dificuldades curiosas, não ao despertar a atenção do indivíduo para a sua maneira pessoal de pensar o mundo, mas na artesania em si, por exemplo, como ensiná-lo a pegar um pincel?
Apesar da
grande quantidade de softwares lançados no mercado para facilitar a adequação
de professores a esta nova realidade, para algumas pessoas a EaD apresenta a
desvantagem da ausência do contato visual e auditivo entre professor e
estudante. Isso implica na necessidade de se expressar e intercambiar idéias
por escrito. Neste caso apenas um FAQ.(Frequently Asked Questions) não é o
suficiente. Entendo que será imprescindível não apenas conhecer a teoria da
arte, mas estar apto a socorrer o aluno em suas dificuldades com clareza de
informações e imagens. Explicar claramente os
conceitos, guiar o aluno a tarefas através das quais os conceitos se tornem
situações verdadeiras, interagir com o estudante em situações diferentes e
finalmente oferecer um feedback orientando para novos experimentos, será a
seqüência adequada ao projeto.
Não existem receitas prontas, mas faço parte desta velha luta para
transformar o conhecimento individual em experimento coletivo e vice-versa.