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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Qual o limite da Arte?

Imhotep
Três mil anos antes de Cristo, o arquiteto egípcio Imhotep, da terceira dinastia do Antigo Império, deixou, inscrita numa pedra, a primeira confissão de fé abstracionista. Disse esse arquiteto, depois adorado como deus da Arquitetura, que a verdadeira beleza está numa feliz combinação de cubos, esferas e cilindros, isto é, formas sem qualquer representação direta das realidades exteriores. 

Dentro desse modo de sentir, estão as próprias pirâmides. No seu racionalismo e simplicidade geométrica, na sua forma arquetípica, absoluta e universal, acima das contingências humanas, exprimem uma abstração: a ideia ou o sentimento da eternidade.


Os gregos antigos preocupavam-se com os mesmos problemas da pintura abstrata ou figurativa, que hoje nos preocupam. As discussões artísticas em Atenas pareciam atuais. Platão, por exemplo, repetia o pensamento daquele velho arquiteto egípcio. Escrevia que a verdadeira beleza, absoluta e eterna, está nas figuras geométricas puras, sem qualquer relação com as formas ou imagens da realidade exterior. Na sua classificação dos artistas, colocava, em primeiro lugar, o filósofo inspirado, conhecedor da verdade - naturalmente ele próprio, pois sem vaidade o homem não vive - mesmo filosofando. Em segundo lugar, o músico e, a seguir, os artistas dos tecidos e bordados, acompanhados dos arquitetos, todos criadores de formas abstratas. Em último lugar, vinham o ator, o escultor e o pintor, que imitavam as formas exteriores e estavam, por isso mesmo, distanciados da verdade.


Ainda na Grécia, in ipsius mente, isto é, eram ideais, em outras palavras, abstratas, apesar do seu realismo figurativista.

Jenocrates, um dos primeiros artistas críticos conhecidos, firmara o princípio da liberdade do artista frente à realidade objetiva. Poderia ignorá-la, quanto mais alterá-la! Há uma passagem do orador romano Cícero muito citada. Diz que as criações do escultor grego Fídias, seus deuses, moças, cavalos e cavaleiros do friso do Partenon, não existiam na realidade, mas apenas no seu espírito.

Nos túmulos chineses antigos, encontram-se pequenas esculturas em jade, de formas caprichosas sem qualquer relação com as imagens visuais. Simbolizavam as qualidades abstratas do morto – a bondade, o caráter reto, a constância na amizade, o coração inquieto.

Duzentos anos depois de Cristo, o filósofo Plotino dizia, em Alexandria, não se limitarem as artes à simulação das aparências dos objetos. Ao contrário, devem procurar a razão ideal deles da qual nasce o caráter de todas as coisas.

E para você, qual o limite da arte?


Pintura do sec. V a.C

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A arte imita a vida ou a vida imita a arte? Uma questão abstrata.

Oscar Wilde
Oscar Wilde dizia que a vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida. Será verdade?

Tão antigas como a arte, as nossas experiências em querer entender a origem do processo criativo já nos levou a exaustivas pesquisas, na maioria das vezes sem uma resposta definitiva. De onde vem a inspiração?

Em seus estudos no livro “Do espiritual na Arte”, o pintor e músico russo Wassily Kandinsky indica que a arte nasce da espiritualidade. Foi assim que o artista renunciou a representação figurativa tentando encontrar a relação absoluta entre a forma, a cor e o ânimo do contemplador.

Kandinsky


O que acontece conosco quando entramos no jogo dos intricados significados da arte? O que é verdade e o que é ficção?





O poeta e crítico de arte Ferreira Gullar assim se manifestava sobre esta transformação simbólica do mundo:

“A arte é muitas coisas. Uma das coisas que a arte é, parece, é uma transformação simbólica do mundo. Quer dizer: o artista cria um mundo outro – mais bonito ou mais intenso ou mais significativo ou mais ordenado – por cima da realidade imediata. Naturalmente, este mundo outro que o artista cria ou inventa nasce de sua cultura, de sua experiência de vida, das idéias que ele tem na cabeça, enfim, de sua visão de mundo.”

Parecendo uma inovação dos nossos tempos, o Abstracionismo é uma tendência bastante velha na história da pintura. Abstrair-se das realidades exteriores e voltar-se para suas realidades interiores é uma constante da condição humana. Por isso mesmo, acompanhando a história da pintura, encontramos várias fases abstratas, nas quais o homem substitui as imagens da realidade objetiva por símbolos ou representações de suas realidades subjetivas. A primeira dessas manifestações de abstracionismo ocorreu ainda na Pré-História. Enquanto os pintores da pedra lascada eram figurativos realistas, reproduzindo imagens visuais, os pintores da pedra polida eram geometrizadores das formas visuais e muitas vezes totalmente abstratos – criavam formas geométricas ou não, sem relação direta com as imagens da realidade exterior.

Estudiosos explicam essa completa revolução estilística ou essa interpretação nova do mundo pelas transformações ocorridas na vida do homem pré-histórico, que passou da caça e pesca para a agricultura e pecuária. Passou, também, da crença nos poderes mágicos para a crença nos poderes anímicos. Essa tendência abstratizante percorre todo o Neolítico e vamos encontrá-la ainda nos arcaísmos artísticos dos primeiros povos históricos.




No próximo post vamos falar mais um pouco sobre a evolução do abstracionismo.
Até lá!