... a arte na mulher
Durante boa
parte da história da arte vamos encontrar a mulher como representação do
conceito terreno do amor, da fertilidade, da maternidade, da sensualidade ou da
futilidade... Podemos mesmo dizer que as formas femininas povoam os ideais dos
artistas desde tempos imemoriais. Em uma
palestra, o geneticista Decio Altimari nos apresenta uma
análise da trajetória da mulher na arte:
"Realmente, a mulher na arte foi representada
naquelas todas maneiras em que é ou musa inspiradora, ou veículo de alegorias
(da Paz, da Justiça, da Ira, da Avareza, da Dúvida, da Guerra, da Ciência, da
Fé, da Esperança, da Caridade, da Luxúria, da Peste e até da morte) ou,
sobretudo, a atriz principal do milagroso mistério da reprodução na
maternidade”.
Mas qual
seria a posição da arte na mulher
e das potencialidades criativas
femininas?
Durante
os séculos XVI e XVII, a arte desempenhou um papel importante na sociedade
aristocrática e eclesiástica européia. Os pintores, homens por sinal, altamente
treinados tinham como seus patronos os líderes políticos, religiosos,
científicos, e intelectuais. Ainda
assim encontraremos a arte de algumas mulheres como Judith
Leyster
e Rachel
Ruysch
.
Algum
tempo depois,
já
no século XVIII, a idade da Razão, que estranhamente também foi chamada "a
idade feminina" as mulheres conseguiram se destacar nos salões de arte
de Paris, por um breve período.
Com
o século XIX, mudanças sociais radicais, afetaram a vida das mulheres em ambos
os lados do Atlântico. Mary Cassatt e Camille Claudel transferiram
para os seus trabalhos o drama complexo
de artistas que, como mulheres se viam restritas a confinarem-se aos conceitos
impostos.
A
primeira metade do século XX viu mudanças tecnológicas, filosóficas e
artísticas muito grandes. A guerra alterara a maneira com que os povos
vivenciavam o mundo em torno deles, mas ainda são poucas as mulheres que
deixaram de ser meros modelos para serem modeladoras e, quando o
fizeram, invariavelmente, deixaram surgir, em contrapartida, a imagem de uma
heroína fria, orgulhosa
e sensual: a “femme fatale”.
Em fim,
dentro do fazer artístico, no decorrer de tantos séculos a mulher, enquanto criadora,
permaneceu na maioria das vezes, uma excentricidade. No entanto,
vale lembrar que o artista é, antes de tudo, um artesão. Faz aparecer no espaço
palpável e perceptível aquilo que antes era a coisa imaginada. Esta espantosa
transmutação através do gesto que se torna cor e dança, verbo e musica, movimento
e quietude, despertando sentidos adormecidos na busca da experiência
estética pode ser um apoio para a feminilidade tanto no
crescimento individual como coletivo.
Só mesmo a
própria mulher, dotada das capacidades de intuição que lhe são inerentes,
poderá redescobrir a verdadeira medida do valor tanto da mulher na arte
como da arte na mulher. Cabe-lhe, mais uma vez, a “concretização da
obra!”
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